INRI CRISTO na mídia belenense

Em 28/02/1982, quando INRI CRISTO invadiu a catedral metropolitana de Belém acompanhado de uma multidão de aproximadamente dez mil pessoas, os jornais A Província do Pará e O Liberal entusiasticamente noticiaram o evento.

Quando de sua primeira visita a Belém, INRI ficou conhecido como INRI de Indaial, aludindo ao município de Santa Catarina onde reencarnou, renasceu. Para alguns, INRI era um louco praticando um ato de vandalismo. Para outros, incluindo a visão de INRI, era uma limpeza naquela que um dia fora sua igreja nascida das palavras ditas a Pedro: “Tu és Pedro e sobre esta pedra edificarei a minha igreja” (Mateus c.16 v.18). Ao contrário do que noticiou o repórter, INRI nunca teve conhecimento ou noções de defesa pessoal. A única defesa que sempre usou e usa é o espírito atento e alerta; derivou disso a habilidade para desviar-se da cadeira que o sacerdote lhe arremessou tentando derrubá-lo do altar. O jornalista ainda referiu-se equivocadamente ao manto escarlate de INRI como sendo um pano vermelho que pertencia à igreja. Sob ordens de Faustino de Brito, sacerdote-chefe da catedral, INRI foi detido e conduzido à Central de Polícia, e em seguida ao Presídio São José.

O “arcebispo” D. Zico, mesmo qualificando INRI de “maníaco perigoso”, não pôde conter a indignação ao vê-lo desfilar triunfalmente no caminhão da Polícia Militar. Faustino de Brito declarou que houve um “ato de vandalismo… praticado por um louco… que assumiu esta mania de se considerar Cristo”. Há dois mil anos, foi através de semelhantes calúnias e difamações que os “religiosos” da época obtiveram o veredito da crucificação. Diziam: “Encontramos este homem sublevando nossa nação… e dizendo que é ele o Cristo Rei” (Lucas c.23 v.2). Mas como INRI bem respondeu no depoimento ao delegado Hamilton César, desta vez não voltou para ser novamente crucificado, mas para cumprir a vontade do PAI e estabelecer na Terra o Reino de DEUS, oficializado pela SOUST. De novo o jornalista insistiu equivocado em referir-se ao manto de INRI como um pano vermelho de veludo que teria pisado sobre o altar.

Quando INRI foi levado à Central de Polícia, o delegado Hamilton César ordenou que lhe tirassem a túnica à força. Ao olhar por baixo do forro, constataram, estarrecidos, que o Filho do Homem não usa cuecas… Quando estava em Amiens, na França, em 1980, INRI recebeu ordem de seu PAI, SENHOR e DEUS para queimar a última vestimenta profana que até então utilizava, desvencilhando-se, assim, do derradeiro símbolo de veste masculina. Era mais uma etapa que INRI precisava vivenciar a fim de prepará-lo para protagonizar a Divina Revolução.

Cativo no Presídio São José, INRI foi submetido à analise de uma junta psiquiátrica nomeada pelo juiz Dr. Jaime dos Santos Rocha e presidida pelo Dr. Nerival Barros, cujo laudo só seria concluído, “segundo perspectivas otimistas, no dia do Juízo Final”. INRI se fazia acompanhar do seguidor Pio Varella, que também foi preso e permaneceu o tempo de reclusão na mesma cela de INRI.

Apesar de todos os artigos em que tentaram enquadrar INRI CRISTO, ele manteve a serenidade e a segurança de que, ao chegar a hora conforme a vontade do PAI, seria liberado do presídio. Mesmo ante as insistentes tentativas de advogados para que assinasse uma procuração a favor de sua soltura, INRI recusou-se a assinar, alegando que não necessitaria de advogados.

Enquanto detido, chegou às mãos de INRI CRISTO a matéria intitulada Dies Irae (Dia da Ira), do escritor Vicente Cecim, veiculada no jornal “A Província do Pará” em 07/03/1982. Inspirado, assim definiu a passagem de INRI no presídio São José: “Na galáxia NGC 6946, uma estrela está cumprindo o seu destino único, que é ‘concluir sua existência com uma explosão luminosa’… INRI de Indaial, em sua cela de reclusos por denunciar privilégios… também neste instante está cumprindo seu destino único, também prepara sua explosão luminosa. Ele e a estrela fazem a ponte que une o humano ao mistério total, rimam uma escolha solitária e solidária, fora do alcance das leis injustas com que os senhores querem manter a vida fora de si; louca sim, mas por excesso de cárceres… de tantas placas de: tudo é proibido entre nossos pés e os pés de nossos filhos… aos quais os senhores temem que ensinemos a amar a liberdade”. Emocionado ao ler esta matéria, INRI constatou que o escritor Vicente Cecim foi o único a compreender o significado místico do Ato Libertário que ele perpetrara em Belém do Pará.

Jornalistas iam diariamente questionar INRI CRISTO e o colocavam na primeira página dos jornais. No primeiro domingo após a revolução, uma equipe do programa Fantástico foi especialmente do Rio de Janeiro com toda aparelhagem, diretor, vice-diretor, psiquiatra, todos acompanhando e fazendo efusivo alvoroço… Passaram uma tarde inteira entrevistando INRI e os presos simultaneamente, prenunciando uma matéria explosiva, mas a tesoura do boicote não permitiu que fosse ao ar. Absolutamente nada. Liberdade de expressão e compromisso com a verdade ainda são a utopia da imprensa brasileira.

A revista Veja, por sua vez, em 10/03/1982, reportou equivocadamente que o povo aguardava INRI CRISTO em frente à catedral da Sé, quando na verdade o esperava na praça D. Pedro II, como INRI havia previamente convocado através da TV Guajará na véspera do evento. A multidão seguiu-o em procissão até a catedral.

A revista deturpou o nome da cidade ao escrever “INRI de Indaiá”, quando na verdade o povo o chamava “INRI de Indaial”, aludindo à cidade onde reencarnou, da mesma forma que outrora o chamavam “Jesus de Nazaré”.

E o “arcebispo” Alberto Gaudêncio Ramos não respondeu nada ao free lance da Veja. Na verdade, ele se escondeu da imprensa durante uma semana. Cada vez que os jornalistas batiam na porta da cúria metropolitana, empregados alegavam que a cúpula estava em retiro, conforme noticiou a imprensa de Belém.

Apesar de todos estes erros dignos de reparação, acreditamos que tão somente o repórter foi propositalmente tendencioso. E esperamos que a revista Veja, mantendo a tradição de bem informar o público, ainda realize uma reportagem ampla e elucidativa sobre INRI CRISTO após questioná-lo exaustivamente, como é de bom alvitre a uma imprensa séria e livre.

E por fim, a matéria do jornal O Liberal, de 16/03/1982, constando a declaração de INRI de que a SOUST seria sediada em Brasília, a Nova Jerusalém do Apocalipse c.21.

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