Parábola do Mar

Assim falou INRI CRISTO:

“Em verdade, em verdade vos digo: a Bíblia é um livro de letras mortas, repleta de fábulas, lendas, parábolas, metáforas, charadas, e só pode ser interpretada cabalisticamente com a anuência do ALTÍSSIMO. A Bíblia é um livro enigmático e sagrado sim, todavia foi escrita por homens sujeitos à vaidade, a erros e exageros. Quem leva a Bíblia ao pé da letra fatalmente descerá a ladeira do fanatismo; sairá por aí assassinando mulheres e crianças, porque lá está escrito que DEUS mandou matar sem distinção todo o povo da terra de Canaã para que os israelitas conquistassem a Terra Prometida (Números c.33 v.50 a 56).

Alguém dentre vós pode me questionar: ‘Se tu dizes que a Bíblia é um livro de letras mortas, então como podes ao mesmo tempo usar a Bíblia para confirmar que és Cristo, o ungido de DEUS? Afinal, a Bíblia é ou não é a palavra de DEUS? Quando podemos crer em ti?’ E eu, da parte de meu PAI, vos respondo: a Bíblia se assemelha ao mar, com suas ondas magníficas e abissal profundidade, onde habitam criaturas de inusitadas formas e inúmeros tamanhos… E ainda que eu me alimente dos frutos do mar, dos crustáceos, das algas, dos peixes com escamas e barbatanas, eu não me alimento da areia do mar, nem dos dejetos ou do lixo atômico que jogam no mar.

Assim também, da terra podeis extrair frutas, verduras, legumes, raízes para vossa nutrição cotidiana, enfim, tudo o que faz bem à saúde, todavia não careceis ingerir a argila nem o adubo onde foram plantados. Ou seja, em todo livro, incluindo a Bíblia, recomendo meus filhos a fazer a triagem racional e recolher tão somente o que é bom, conforme já ensinei na Parábola dos Diamantes. Deveis examinar a Bíblia diligentemente, atentamente, com espírito criterioso, investigativo, no afã de discernir o que veio de DEUS e interpretar cada passagem com a anuência divina. Quando os profetas foram inspirados a escrever os livros que compõem a Bíblia, muitas vezes usavam parábolas, fábulas e lendas como forma de ilustrar o discurso ou interpor um enigma para que só os humildes, os de coração puro, possam assimilar.

No Gênesis, por exemplo, constam os sete dias da criação divina, que correspondem aos sete dias da semana; seis que DEUS usou para criar o mundo e um dia para o descanso, o sábado. Então os fanáticos, os que interpretam a Bíblia inspirados pelos espíritos das trevas, levam esses dias ao pé da letra; eles acreditam literalmente que DEUS criou o universo em seis dias e descansou ao sétimo dia. Por isso os intelectuais tem dificuldade em adentrar na senda da lei de DEUS através da Bíblia, por que para um intelectual, uma pessoa que estudou, isso é inverossímil. Mas o relato do Gênesis é uma metáfora; e não só o Gênesis, como toda a Bíblia, é um caldeirão de alquimista. DEUS inspirou os profetas a estabelecer seis dias da criação no intuito de facultar a assimilação e para que aos homens fosse dado um dia de descanso, o sábado, dia em que Ele derrama as bênçãos mais do que nos outros dias. Não se pode usar um calendário terráqueo para mesurar quanto tempo demorou, porque no plano superior, na eternidade, ainda hoje, o tempo não conta; pode ter levado milhões, bilhões de anos para se formar o Cosmos, a Via-Láctea, as galáxias, as estrelas e os planetas, enfim, o conjunto harmonioso da criação divina. No plano superior não faz nem um segundo que DEUS criou tudo isso, assim como não faz nem um segundo que fui crucificado.  Então os intelectuais fazem os cálculos deles e constatam: ‘Ah, não foi em seis dias que se formou o Universo! Foram bilhões de anos…’

Da mesma forma os intelectuais têm dificuldade em admitir que houve um Primogênito de DEUS, ou seja, a primeira alma emanada da Grande Alma. O nome não importa; o que importa é que houve o primeiro filho de DEUS, o ancestral da humanidade, e o Primogênito é esse que vos fala. Sou o mais antigo de todos. Quando se diz no Gênesis que DEUS formou Adão do barro da terra e inspirou nele um sopro de vida, tornando-o alma vivente, significa que o corpo de Adão, formado de partículas oriundas da Mãe Terra, foi vivificado pelo espírito emanado do PAI Celeste, porque no momento em que o espírito abandona a matéria, o sangue coagula e o corpo fenece, retornando ao aconchego da Mãe Terra. Por isso Ele disse: “Tu és pó, do pó tu foste tomado e ao pó retornarás” (Gênesis c.3 v.19).

Em verdade, em verdade vos digo: eu que vos falo fui a primeira ameba, o primeiro réptil rastejante que saiu da água buscando ar para sobreviver, o primeiro macaco que nasceu sem rabo, e o primeiro homem dotado de consciência que buscou a compreensão de si e do mundo que o cerca. Nessa condição é que sou o alfa e o ômega, o começo e o fim; fui o primeiro e o último, ao mesmo tempo fui o último para ser o primeiro. E justo por ser o mais antigo de todos é que o SENHOR me reenvia a este mundo de tempos em tempos a fim de reconduzir meus filhos ao caminho da Luz, ensinando-os a trilhar a senda da lei divina. Eis que a evolução não é meramente uma teoria, e sim uma lei universal. Depois do jejum em Santiago do Chile, o SENHOR me mostrou que Darwin, e muitos séculos antes dele, o grego Anaximandro, foram inspirados quando concluíram que as espécies evoluem adaptando-se ao habitat natural. Evolução e reencarnação são dois princípios cósmicos, eternos e indissociáveis que regem a vida na Terra. O ser humano, e mais precisamente a consciência humana, é o derradeiro estágio da evolução física; por isso se diz no Gênesis que o homem foi feito “à imagem e semelhança de DEUS” (Gênesis c.1 v.27). O próximo passo da evolução é a transcendência espiritual rumo ao invisível, ao extra-sensorial, ao intuitivo, cujo ápice é a consciência mística, a comunhão perene com DEUS.

É por isto que os homens devem esforçar-se em empregar o lado divino da inteligência para escutar a palpitante natureza, porque unicamente assim poderão descobrir as sábias leis que regem o Cosmos em cada detalhe sutil da magnificente obra do Supremo CRIADOR. Só então o vosso PAI celeste vivificará as letras mortas da Bíblia e, inspirados, compreendereis o verdadeiro significado das Sagradas Escrituras”.

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