Consequências do hábito de ingerir carne:
1º – Aumento da fome no planeta
“Que terrível loucura vos levou a sujar vossas mãos com sangue – vós que sois nutridos com todas as benesses e confortos da vida? Por que ultrajas a face da boa terra, como se ela não fosse capaz de vos nutrir e satisfazer?” (Plutarco)
Até seria possível pensar que a causa da fome no mundo (seis bilhões de pessoas, 800 milhões com fome crônica) era falta de alimentos, como dizem as notícias. O que elas não dizem é que os grãos produzidos no planeta estão sendo roubados da humanidade para alimentar os animais para o consumo humano! De fato, metade dos grãos produzidos no mundo é consumida por animais. Metade!
Dos 850 milhões de hectares do território brasileiro, 250 milhões são usados como pasto; na agricultura, só 50 milhões. E de toda a produção agrícola do País, 44% – quase a metade! – são desviados para alimentar animais “de corte”. Dá para entender por que não sobra para os humanos famintos?
A carne é um “alimento” elitista que rouba os recursos do planeta. Se uma área de terra qualquer for usada para a criação de gado e a sua carne alimentar ao final 100 pessoas, a mesma área usada para o cultivo de grãos alimentaria 1400 pessoas. A proporção é essa: 1 para 14. Essa é a verdadeira razão oculta da fome no planeta.
Um terço das terras cultiváveis da Terra é usado para a produção de alimento para o gado (dados da FAO). Podemos então fazer uma relação simples: Cinco bilhões e 200 mil terráqueos que comem normalmente são alimentados com 2/3 da produção agrícola.
Então:
Mais de dois bilhões e 600 milhões poderiam ser alimentados com o terço restante, que vira ração animal. Ou seja: sete bilhões e 800 milhões de pessoas poderiam ser alimentadas se nossa produção agrícola fosse destinada a pessoas, e não aos animais! Acabaria com os famintos do mundo, e ainda poderíamos tranquilamente alimentar mais dois bilhões de pessoas!
O próprio ser humano, sem se dar conta, é um dos que patrocinam a fome no mundo – o que é cuidadosamente escondido dele pela mídia, os governos, os pecuaristas e as indústrias da carne, perpetuando a mentira de que “há famintos porque não há alimentos suficientes” no mundo.
2º – Enriquecimento dos que lucram com a indústria da morte
“Não se pode aceitar a tortura institucionalizada de animais com base na supremacia do poder econômico (ou) nos costumes desvirtuados (…) sob pena de se adotar a máxima maquiavélica de que os fins justificam os meios.” (Dr. Laerte Levi)
Se a safra de grãos de 2006/2007 do Brasil, de 131 milhões de toneladas, fosse distribuída igualmente entre os 180 milhões de brasileiros, caberia a cada um a inacreditável quantidade de 722 quilos de grãos num ano. Num consumo (absurdo, claro) de um quilo por dia por pessoas, se poderia alimentar dois Brasis inteiros; ou cada brasileiro podia convidar outro terráqueo para comer com ele até fartar-se. Acabaria com mais de um quarto dos famintos do mundo.
Só de soja, foram 58 milhões de toneladas, e de milho, 36,6 milhões, nesta safra – quase um quilo de soja por dia para cada brasileiro – alimento utilizado pelos produtores como “moedas de troca”, que será exportado, sobretudo, para a União Européia e usado na ração para o gado.
O alimento do mundo é desviado para sustentar a indústria da carne, porque é imensamente mais lucrativa. Um quilo de carne custa o dobro, o triplo, o quíntuplo ou mais que um quilo de grãos (embora sejam necessários sete quilos de grãos para produzir um quilo de carne). As crianças embaixo da ponte que tenham paciência: bife é mais chique e eleva o saldo das exportações.
José Luztemberger, nosso primeiro e maior ambientalista, já apontou: “No Sul do Brasil, a grande floresta subtropical do Vale do Rio Uruguai foi completamente arrasada para abrir espaço à monocultura da soja. Isso não foi feito para aliviar o problema da fome nas regiões pobres do Brasil, mas para enriquecer uma minoria com a exportação para o mercado Comum Europeu, para alimentar gado”.
Mas não é só. Diz João Meireles Filho, vegetariano, descendente de pecuaristas da Amazônia: “A miséria brasileira no campo pode ser resumida a uma frase: a pecuária bovina expulsou o homem do campo. Numa grande fazenda da Amazônia, emprega-se uma pessoa a cada 700 bois, que ocupam mil hectares. A mesma área com agricultura familiar empregaria 100 vezes mais, com agro-floresta em permacultura empregaria 200 pessoas! A pecuária é altamente concentradora de renda. Inexiste uma única região do Brasil onde a pecuária promoveu o desenvolvimento com justiça social. Por que, então, optamos pelo boi? Porque não pensamos. Não medimos consequências”.
3º – Devastação das florestas tropicais
“Não importa se os animais são incapazes ou não de pensar. O que importa é que são capazes de sofrer.” (Jeremy Bentiamina)
Foi a pecuária, que se expandiu de forma terrível nas últimas quatro décadas, sendo a responsável pelo desmatamento de dois terços das florestas tropicais do planeta!
A Amazônia está sendo literalmente devorada pelos consumidores de carne bovina. Noventa por cento da mata derrubada ou queimada na Amazônia viram carne dos rebanhos que substituíram a floresta, ou são comidos em forma de ração, feita da soja ali plantada, pelos bois, porcos e galinhas de países do primeiro mundo.
“Quero deixá-lo ciente de que a floresta Amazônica está desaparecendo bem debaixo do nariz de cada um, na boca. E convidá-lo a assumir sua parcela de responsabilidade nesse desastre ambiental cada vez que entra num açougue. Saiba que Amazônia não está sendo destruída pelos ‘outros’, mas sim por todos e por cada um, um pedacinho de cada vez, uma, duas e até três vezes por dia!”, diz a jornalista Raquel Ribeiro.
Só o rebanho bovino brasileiro já ultrapassou 170 milhões de cabeças – quase um boi para cada brasileiro. Um terço deles está na Amazônia, substituindo a floresta pelo bife nosso de cada dia. Essa é que é a verdade sobre o desmatamento que ocupa as manchetes – que só oferecem a fachada do problema.
“Para saciar a vontade de comer picadinho, hambúrguer e estrogonofe, transformamos o Brasil no maior pasto do planeta.” (João Meireles Filho)
4º – Poluição e escassez da água do planeta
“Para a economia convencional, a morte violenta de milhões de animais é apena ‘produção de carne’. Mas talvez seja inevitável, no futuro, encarar o problema do ponto de vista ético. Temos, afinal, o direito de matar?” (Carlos Cardoso Aveline)
Para produzir um quilo de grãos, são precisos 1.300 litros de água. Para produzir um quilo de carne bovina, até 15 mil litros (Relatório da ONU no Fórum Mundial da Água em Kioto, 2003). Quase 12 vezes mais água. Multiplique isso por uma tonelada, cem, mil, e já se vê para onde vai aceleradamente a preciosa água do planeta.
Paralelamente, os dejetos dos animais, em quantidades quase insuportáveis, estão contaminando os cursos d’água subterrâneos e da superfície, destruindo a fauna aquática, com carcaças de animais abatidos, sangue e rejeitos.
Um pequeno exemplo de uso da água de um rio, o Camaquã, do Rio Grande do Sul: 1,3% para consumo humano, 2,3% para os animais. Quase o dobro! A suinocultura lança ali 60 toneladas por mês de resíduos orgânicos – um peso equivalente a 600 porcos. (Fonte: Zero Hora, Porto Alegre, 29/5/2007). Essa é a água que seres humanos irão beber, junto com o seu saboroso presunto.
Na região do Rio Uruguai, há mais de 30 milhões de suínos: quase três porcos para cada habitante do Rio Grande do Sul! Eles lançam 1.038 toneladas por mês de resíduos no rio – peso equivalente ao de quatro aviões Boeing 777, e que estão ameaçando o Aqüífero Guarani, que fica em baixo dessa bacia – o maior reservatório subterrâneo de água doce do mundo (Fonte: Idem, 5/6/2007). Estamos trocando água pura por carne de porco – e adoecendo duplamente.
E não pára por aí. Existem estudos que comprovam que 64% do total de amônia, principal causadora de chuvas ácidas, vêm da pecuária e prejudica, entre outros, os oceanos – estes que também possuem papel fundamental para a saúde do planeta e estão em processo de degradação.
5º – Extinção de espécies animais e vegetais
“Deveríamos ser capazes de recusar-nos a viver se o preço da vida é a tortura dos seres sensíveis”. (Gandhi)
O Brasil abriga 13% das espécies animais e vegetais conhecidas no planeta. Sabe o que isso significa? Em nosso país vivem 230 mil tipos de plantas, animais, fungos, bactérias e outros microorganismos. Muitos são endêmicos, ou seja, só existem aqui. Apenas para dar alguns exemplos: segundo o Ministério do Meio Ambiente, o Brasil abriga 45 mil espécies de plantas, a maior diversidade existente, aproximadamente 22% do total global. Aqui estão 3 mil tipos de peixes de água doce ou 34% das espécies conhecidas no mundo. Uma em cada seis aves que povoam os céus do planeta vive no Brasil, e uma em cada oito espécies de anfíbios conhecidos habitam nossas águas. Parece pouco? Pois deve existir muito mais. A cada ano, novas variedades de vespas, aranhas, peixes, macacos, cobras e plantas, entre outras, são descobertas na Amazônia e em vários locais de fácil acesso, próximos aos centros urbanos.
Diante da interdependência e da complexidade dos processos que ocorrem na natureza, deve-se considerar quando uma espécie pode representar um papel fundamental para a sobrevivência humana. As informações contidas em plantas, animais, fungos e bactérias têm alto potencial de uso como fonte de remédios, alimentos, fibras, pigmentos e como matéria-prima para produtos e processos agrícolas e industriais.
Logo, a devastação das florestas tropicais e a poluição da água dos rios, lagos e oceanos devido à prática da pecuária, outrossim, causa a extinção de diversas espécies animais e vegetais, uma vez que, quando uma grande área florestal é devastada ou ocorre poluição das águas, há a destruição do habitat natural das espécies, colocando em risco a biodiversidade do planeta.
6º – Superaquecimento da atmosfera terrestre
“A pecuária é um dos causadores mais significativos dos problemas ambientais da atualidade.” (Henning Steinfeld)
As emissões de gás carbônico e metano são as principais responsáveis pelo aquecimento global, com todas as suas catastróficas consequências. O gás carbônico é tido como vilão, porém o metano produz 21 vezes mais aquecimento que ele!
Pois, esse mar de bovinos que cobre o planeta produz constantemente emissões imensas de metano, nos arrotos e gases intestinais da digestão. Os ambientalistas eram alvos de ironias por apontarem o risco que isso significa, tido como irrelevante e folclórico. Eram, até agora.
Porque na conferência da ONU em Bangcoc, em 4 de maio de 2007, o mais importante relatório sobre o aumento da temperatura da Terra foi produzido por cientistas de mais de 130 países. Concluíram com uma série de oito recomendações para reduzir as emissões de gases nocivos e frear o aquecimento. As sete primeiras se referem as fontes de energia limpa, substituir o petróleo, taxar a emissão de carbono, economizar combustíveis e mudar padrões de construção e transporte público.
A oitava: desestimular o consumo de carne vermelha, o que poderia reduzir as emissões de metano animal.
Note-se bem: essa recomendação é colocada em pé de igualdade com as outras. Por que, entre tantas causas locais e globais, a teriam escolhido? Seria uma das mais relevantes e preocupantes?
E, novamente, um dos efeitos que é acobertado sobre a proliferação de rebanhos pela indústria da morte.
7º – Aumento do número de casos de câncer e outras doenças
“Nada beneficiará tanto a saúde humana e aumentará as chances de sobrevivência da vida na Terra quanto a evolução para uma dieta vegetariana. O estilo de vida vegetariano, por seus efeitos físicos, influenciará o temperamento dos homens de tal maneira que melhorará em muito o destino da humanidade.” (Albert Einstein)
Muitos de nós já ouvimos as recomendações médicas de “evitem a carne vermelha”, mas não demos muita atenção.
O que a maioria da população mundial não sabia é que estava montando uma bomba-relógio dentro do próprio organismo, e que mais dia menos dia ia explodir.
Esse conselho médico é em função da gordura da carne. Toda carne animal – e não somente a “gorda” – contém gordura (contida nos músculos, o que lhe permite a flexibilidade). Uma vida de ingestão de carne é uma cuidadosa construção de doenças cardiovasculares, uma vez que a gordura se deposita nas artérias diminuindo o seu calibre. O sangue não circula mais livremente, pressionando as paredes dos vasos. Resultado: na meia-idade, a maioria das pessoas já toma medicamentos para hipertensão e colesterol, e é candidata potencial a infartos e derrames. São as chamadas doenças da riqueza, que resultam da ingestão maciça de proteína animal.
Pesquisas médicas já mostraram a correlação entre o consumo de carne e cânceres de mama, ovário, próstata, intestinos. Isso é fato, não suposição. Mas, nós nunca levamos muito a sério.
Pena que a maioria de nós não saiba que o reumatismo, a artrite, a gota e similares, nos aguardam no dobrar da esquina dos anos, de tocaia dentro da proteína animal dos seus bifes diários. Como o organismo não pode utilizar tanta proteína, ele armazena o excesso, em forma de uréia e creatinina, nas articulações. Quem se candidata a ser um sofredor inútil de dores evitáveis?
Imaginem se soubéssemos tudo sobre o que estamos ingerindo de fato, invisível mais muito real, dentro desses churrascos e cheeses de frango… o saldo dos antibióticos, hormônios anabolizantes e vacinas que entopem as pobres vítimas animais. Antigamente, um boi levava mais de um ano para chegar ao ponto de ser sacrificado. Hoje, em seis meses ele vira dólar, graças à tecnologia dos anabolizantes – hormônios que vão impregnar a carne dele e dos consumidores. “ A idade de abate de um frango passou de sete semanas, em 1970, para 41 dias, em 2000. O peso de uma ave abatida passou de 1,8 kg para 2,2 kg”, diz textualmente um agrônomo. Será que a Mãe Natureza reprogramou o frango? Não: foram os químicos acionados pela ganância humana. Hormônios causam câncer – não por outro motivo deixaram de fazer reposição hormonal em mulheres. A pobre esposa não sabe que está preparando uma comidinha pré-cancerígena quando prepara uma galinha para a família, sendo ela, possivelmente, a maior vítima potencial.
Ela também não sabe que, ao retirar da prateleira do supermercado aquela bandeja de carne “vermelhinha”, “tão fresquinha”, está sendo engodada. Carne alguma mantém essa cor 24 horas depois de cortada; adquire um tom cinzento, horrível: a verdadeira cor do cadáver em vias de decomposição. (Não gostamos que chamem o cadáver de cadáver, quando ele se destina a nossa mesa. Não entendemos bem por quê.) Para disfarçar isso, os produtores colocam nitratos – substâncias que tornam a carne vermelhinha e são altamente cancerígenos. Também desconhecemos, quando assamos o churrasco de domingo, que estamos produzindo, com a carne assada, benzopireno – substância que causa câncer de esôfago e leucemia. Cada quilo de carne assada tem quase a mesma quantidade de benzopireno que a fumaça de 600 cigarros. E o cidadão que tinha deixado de fumar… . E também estamos ingerindo o metilcolantreno, outro cancerígeno que se forma ao se cozer em alta temperatura a gordura da carne.
Sabemos que adubos e pesticidas químicos impregnam as plantações e causam prejuízos terríveis aos seres humanos. Só o que não lembramos é que as forrageiras também são encharcadas desses venenos, que irão parar na panela de nossas casas com o guisadinho e os bifes.
Sem esquecer a adrenalina (um hormônio) produzida no estresse da morte, as toxinas (lixo metabólico) e a uréia que circulavam no organismo e que, quando o animal é morto, se impregnam na carne. Ah, sim, e os microorganismos patogênicos: bactérias, vírus, protozoários; nenhum animal faz check-up antes de morrer, e como uns 40% (outros dizem que é a metade) da carne consumida no Brasil provêm de abatedouros clandestinos, as condições sanitárias são uma roleta-russa, com todas as balas no tambor.
Câncer, prisão de ventre, alergias, colite, apendicite, reumatismo, gota, artrite, mal de Parkinson, tudo isso está diretamente ligado ao carnivorismo. Sem falar que as toxinas da carne envelhecem a pele e os tecidos, apressam a degeneração das células, baixam a imunidade, predispõem a invasões bacterianas.
Ninguém fala nada disso ao cidadão. Claro, ele poderia ler a respeito, se cogitasse trocar de alimentação. Abundam em toda parte livros, revistas, sites sobre alimentação vegetariana; médicos nutricionistas têm advertido sobre os malefícios da alimentação carnívora. Há séculos, povos e comunidades dão exemplo dos benefícios do vegetarianismo. Mas… como disse Gandhi: “Os homens cavam o próprio túmulo com o garfo, diariamente…”
“Enquanto o homem continuar a ser destruidor impiedoso dos seres animados dos planos inferiores, não conhecerá a saúde nem a paz. Enquanto os homens massacrarem os animais, eles se matarão uns aos outros. Aquele que semeia a morte e o sofrimento não pode colher a alegria e o amor.” (Pitágoras)
“Se os matadouros tivessem paredes de vidro, todos seriam vegetarianos.” (Paul McCartney)