A pesquisadora Cleonice de Melo questionou INRI CRISTO sobre o tema educação. Vamos à entrevista:
1) Na sua opinião, qual deve ser o grande objetivo da educação no Brasil?
INRI CRISTO: “Resumindo em uma palavra: instruir. A instrução é o mais fundamental fator do desenvolvimento, do equilíbrio nas relações sociais de um povo, pois só a instrução acompanhada da conscientização propiciará um parâmetro de conduta harmoniosa e equilibrada. Mas há que saber os meios de se incutir a educação ortodoxa nos seres humanos desde a tenra idade, porque mais importante do que somente educar é o que e como educar”.
2) O que o Senhor acha do ensino à distância?
INRI CRISTO: “Importantíssimo, posto que nem todos têm chance, oportunidade de ir à escola. Se o ensino à distância fosse levado a sério, o Brasil não seria tão analfabeto. Antigamente, segundo me consta, o Brasil só tinha uma instituição de ensino à distância, o Instituto Universal Brasileiro, que abrange um leque de cursos. Na França, por exemplo, há muitos cursos à distância, e existe até curso superior à distância. Isso deveria se extender ao Brasil também, de forma programada, organizada. Imagine um cidadão que mora lá no interior da Bahia, ou no interior do Mato Grosso e quer estudar mas não tem recursos devido ao deslocamento na maioria das vezes muito dispendioso e inviável. Se houvesse um curso sério à distância, ele não estaria fadado a ficar sem estudo”.
3) Em que idade o Senhor acha que deveria iniciar a educação sexual nas escolas?
INRI CRISTO: “Na realidade contemporânea, em que existem muitas crianças produzindo crianças, deve-se iniciar a educação sexual desde cedo, desde que a criança adquire capacidade de assimilação. Deve-se instruir as crianças sobre o funcionamento do organismo, explicar detalhadamente sobre as doenças venéreas, causa e prevenção, mas sempre com a devida precaução em advertir-lhes que só devem iniciar-se na vida sexual quando já forem adultos suficientemente maduros e preparados. É óbvio que nem todas as crianças tornar-se-ão adultos conscientes, mas essa instrução valerá pelo menos àqueles que irão sim levar a sério. Hoje em dia nenhuma criança acredita mais que a cegonha traz o recém-nascido no bico. De uma forma ou de outra elas acabam descobrindo, seja através da televisão ou através de revistas e até mesmo por meio de outras crianças. Então é melhor educar corretamente do que deixá-las aprenderem indevidamente por conta própria sem a devida orientação. Infelizmente, os valores da sociedade foram exageradamente trocados. E a culpa de tudo isso é principalmente dos ditos religiosos. Como eles enganaram muito, exageraram demasiadamente na dose do engodo dogmático, agora nem quando falam a verdade alguém lhes dá crédito. Chegou a um ponto que os jovens não querem mais saber de religião porque o religioso dá o mau exemplo. Quando o jovem vê na televisão que o religioso é pedófilo, que pratica homossexualismo (nada contra os homossexuais laicos), que prega o celibato e ao mesmo tempo tem vários filhos na clandestinidade, etc., então, pelo menos no seu foro íntimo, não quer mais saber de religião e não tem mais valores de conduta. A maior prova disso é que os ditos religiosos estão tendo que se tornar artistas no afã de atrair os jovens, as igrejas estão promovendo até “carnaval para Jesus”, etc. posto que os jovens não vão mais às igrejas só pela religiosidade. Está sendo criada uma geração de ateus e eu não os condeno, porque até a pessoa descobrir o DEUS verdadeiro, meu PAI, o Criador Supremo, é melhor ser ateu a crer no “deus” que os homens fizeram”.
4) Qual é o seu conceito de ensino?
INRI CRISTO: “Na atual conjuntura, infelizmente, é cada vez mais difícil estabelecer um conceito de ensino porque os professores não vão mais para as aulas como antigamente, preocupados só em ensinar. Eles já vão à escola dar aula preocupados com as contas que venceram no mês passado, no mês retrasado, enfim, vão à sala de aula para pagar os juros, não mais as dívidas. Com que cabeça vão ensinar? E ainda se deparam muitas vezes com bandidos, delinquentes, traficantes, etc. sabendo que não podem fazer nada se não quiserem ser eles as vítimas Estamos vivendo uma época que eu previ antes de ser crucificado, o tempo do caos estabelecido na Terra. A guerra civil já está em marcha faz tempo, hajam vista as inúmeras mortes que se registram diariamente. No Brasil, por exemplo, morrem mais pessoas todos os dias do que no Iraque. Lá cada morte é noticiada com ênfase, com alarde, e aqui tornou-se algo banal, corriqueiro. Qual a diferença? A diferença é que o valor das vidas no Brasil, na ótica da maioria dos brasileiros e da comunidade internacional, tornou-se inferior ao valor da vida de um iraquiano, de um palestino, ou de alguém de outra nacionalidade”.
5) O que o Senhor acha da cultura do analfabeto?
INRI CRISTO: “Deixando as hipocrisias de lado, se a realidade dos dias atuais é muito cruel, muito difícil até para os alfabetizados, quanto mais o será aos analfabetos. Não tenho nada contra a pessoa que não teve oportunidade de estudar. Ao contrário, enxergo o que vai no interior de cada ser humano, seu caráter, suas verdadeiras intenções, independente do grau de escolaridade. Mas sendo realista, para se poder qualificar a cultura de qualquer ser humano, é necessário sim que ele tenha instrução, que aprenda pelo menos a ler e escrever. A educação é tudo. No meu ponto de vista, uma pessoa que não sabe sequer assinar o nome não deveria ter qualquer responsabilidade social, não se pode atribuir-lhe o status de ser humano esclarecido. Até o indivíduo aprender a ler e escrever no afã de assimilar os bons costumes, os bons hábitos, as leis, não se pode atribuir-lhe responsabilidade civil. Mas como já mencionei, não quero dizer com isso que os analfabetos sejam inferiores ou não mereçam consideração. Conheço ex-analfabetos que alfabetizei pessoalmente, alguns até me seguem; são pessoas boníssimas, honestas, de bom coração, mas elas não podem ser responsabilizadas na vida civil enquanto analfabetas, principalmente porque desconhecem as leis. Por questão de justiça, o governo deveria arcar com a consequência de qualquer ato que uma pessoa analfabeta pratique indevidamente até para se sentir coagido a propiciar educação a todos, o que é possível sim se houver boa vontade política. O Estado é responsável por uma pessoa ser analfabeta. O Estado tem obrigação de propiciar a todos pelo menos o ensino básico”.
6) O Brasil é um país com grande diferença cultural, principalmente no Norte e Sul. Na sua opinião, como o educador deve trabalhar ou desenvolver um método que não prejudique alguns alunos?
INRI CRISTO: “Em primeiro lugar, deveria pedir inspiração a DEUS para milagrosamente aplicar a lei da igualdade, que consiste unicamente em distribuir-se desigualmente a desiguais na medida em que se desigualam. Nesse caso, o governo federal é que deveria organizar um comitê de professores para instituir uma espécie de apostila contendo todos os tópicos indispensáveis ao aprendizado de cada série escolar. O aluno do Norte ou do Sul teria o mesmo conteúdo em determinada série e assim não haveria prejuízo de qualquer uma das partes. Isso facilitaria o trabalho do professor. No caso em que às vezes o aluno está atrasado em determinada matéria, convém fazer uma espécie de reforço acompanhado pelos pais a fim de que possa acompanhar os demais alunos. Nos casos em que o aluno está muito prejudicado em relação aos demais, deve cursar novamente o período em que apresenta falhas. Só para complementar esse assunto de educação, no meu ponto de vista, um governo que se preze teria dois ministérios muito juntos, unificados: o da agricultura e o da educação. Isso significa que deveria haver um planejamento sério por parte do governo para incentivar o agricultor a permanecer no campo, desestimulando o êxodo rural, além de instituir escolas de qualidade no interior facultando ao camponês condições de estudar sem ter que vir para a cidade. A unificação desses dois ministérios aliviaria outros dois ministérios: o da saúde e o da justiça. A boa educação dimunui as doenças e a delinqüência, pois a maioria esmagadora das doenças é por causa da educação deficitária, da desinformação; muitos pegam doenças sem saber, e depois de adoecer, por falta de uma instrução básica, não sabem como proceder para se livrar do incômodo. Já a permanência do camponês no campo diminuiria o inchaço das grandes cidades e conseqüentemente a violência e a superlotação dos presídios. Para isso acontecer só falta uma única coisa aos governos: ação, que se traduz em pôr os interesses do povo acima dos interesses de quem está no poder”.
7) O que o Senhor acha do telecurso? Na sua opinião, o ensino através da televisão é eficaz?
INRI CRISTO: “Qualquer curso que possa ser dado, qualquer instrução que possa ser ministrada sem que a pessoa precise se deslocar é muito bem-vindo, principalmente nos tempos atuais em que muita gente já não gosta de sair de casa por causa da violência. Não sendo um ensino tendencioso, é muito bem-vindo”.
8) O Senhor acha que os bons alunos são fruto de bons professores ou de uma boa família?
INRI CRISTO: “As duas coisas. O ambiente familiar conta muito. Os exemplos que se têm dentro de casa são de valor incalculável. Tendo, além disso, um bom instrutor, é o ideal para formar um bom aluno. Mas o aluno que não tem boa educação em casa não será um bom aluno na escola, e nesse caso não adianta o professor ser bom. É mister que ele tenha em casa alguém que o induza a estudar, que o pressione à busca do saber, enfim, que lhe faça enxergar as vantagens do aprendizado. É lamentável que tão poucos alunos hoje tenham essa visão, muitos só vão à escola por obrigação e não assimilam o aprendizado. Mas assim está em todos os ramos da sociedade. O que algumas décadas atrás seria considerado honestidade, integridade, retidão, hoje em dia é sinônimo de burrice, desonra, “caretice”, enfim, as virtudes tornaram-se defeitos e os defeitos agora são virtudes. Mas tudo isso está assim porque a árvore está podre nas raízes e deve ser arrancada fora. A culpa principal é sempre dos líderes, dos governos e das religiões, que não souberam impôr o respeito, não souberam dar o exemplo, porque o exemplo tem que vir de cima e a história está farta de maus exemplos”.
9) A arte é fundamental no aprendizado do aluno?
INRI CRISTO: “A arte é fundamental para aqueles que têm tendência, que têm vocação para a arte. Não será de grande valia ensinar música a uma criança que nasceu com o dom de aprender matemática, ou biologia, assim como não é de bom alvitre ensinar só matemática ou biologia ao que nasceu com o dom musical. É mister descobrir a vocação de cada um. Geralmente quem tem vocação para a arte logo se manifesta. Isso caberia aos psicopedagogos descobrir e informar aos genitores, para então direcionar a criança naquela vocação. O ideal é induzir o indivíduo a aprender aquilo que tem vocação, pois nesse caso ele vai gostar de fazer, e quando gosta de fazer faz bem-feito”.
10) O Senhor acha que a educação é um ato político?
INRI CRISTO: “Depende de quem pratica. Quando praticada em casa é um ato humano, maternal e paternal, é um ato de amor; quando praticada na escola tem tudo a ver com política sim, pois até a remuneração dos educadores está à mercê do político no poder. Na verdade, mais do que um ato político, a educação é um ato sagrado, é o instrumento para uma pessoa se livrar dos grilhões do anafalbetismo e da ignorância. O ignorante, o analfabeto, ele enxerga o mundo mas nem sabe o que está enxergando. Se vivêssemos na selva junto com os animais bestiais, não haveria necessidade de instrução, pois seríamos movidos pelo instinto, pela intuição. Mas desde que o ser humano passou a se organizar em sociedade, desde que o corpo social humano se dissociou da vida selvagem, é necessário e fundamental que adquira a principal arma para viver nesta sociedade, muitas vezes mais selvagem do que a própria selva: essa arma é a instrução, o saber. Eu educo de uma maneira não convencional, ensino meus filhos as coisas mais sutis, principalmente no que tange à lei divina. Até uma pessoa vir à minha presença, até me encontrar, ela ignora certas coisas que às vezes está na frente do nariz e ela não vê, a exemplo de certos hábitos alimentares, de higiene, de comportamento, etc.”
11) O Brasil demorou quase quinhentos anos para se dar conta de que a educação é uma prática universal do saber, mesmo tomando consciência de que um país para ter autonomia precisa educar seu povo. O que o governo deveria fazer para proporcionar a todos condições para concluir pelo menos o curso superior?
INRI CRISTO: “Isso é uma espada de dois gumes. Pressionar politicamente as universidades como agora o governo está querendo fazer, obrigar uma pessoa a entrar numa universidade mesmo que ela não esteja preparada é uma espada de dois gumes porque nesse caso haveria muitos profissionais incompetentes, como aliás já existem muitos. Por outro lado, vamos ser bem sinceros, é utópico imaginar pelo menos um terço da população com grau superior de ensino. Daqui a uns quinhentos anos talvez, mas por enquanto é uma utopia. Nesse caso, haveria esse problema que falei, duas categorias de graduados: os que têm o dom, vocação e aqueles que estudam meramente por obrigação ou para ganhar dinheiro. Isso é horrível àqueles que dependem dos profissionais. Existe ainda uma outra questão que o governo não vai observar e raramente alguém vai observar oficialmente: é a questão do carma. Tenho o exemplo de um jovem que reprovou quatro vezes o terceiro ano primário e desistiu de estudar porque sua vocação não era estudar. Mesmo assim ele ficou mais rico que os demais integrantes da família apesar de estes haverem estudado e se formado na academia, pois ele tinha outro dom: decidiu dedicar-se a empresas de componentes eletrônicos. O governo deve esforçar-se em propiciar pelo menos o ensino básico e à medida do possível o ensino profissionalizante com uma formação bem sólida. Muitas vezes o problema não está meramente na falta de emprego, e sim na falta de preparação dos candidatos”.
12) O que o Senhor acha das iniciativas empresariais?
INRI CRISTO: “São de grande valia, mas na verdade as iniciativas no ramo da educação deveriam ficar a cargo do governo. Ou existe governo ou não existe; ou existe um ministério da educação e outro da cultura ou não existe, ou pagamos impostos ou não pagamos. Se deveras existisse um governo sério, as empresas não necessitariam preocupar-se com a formação de profissionais, não haveria necessidade de transferir um encargo governamental para o âmbito particular. Todavia, já que o governo está desgovernado, então vejo com bons olhos as iniciativas das empresas”.
13) O fato de os estados e municípios destinarem uma verba separada para a educação especial mostra que o surdo-mudo é diferente, ou seja, anormal. Qual é a sua opinião sobre o assunto?
INRI CRISTO: “Deixando a hipocrisia de lado, na minha ótica, para que houvesse justiça, não só deveriam destinar uma verba especial a estas pessoas como também criar uma cidade ou no mínimo uma escola para congregar os excepcionais. Aí haveria justiça e não haveria preconceito. Assim seria muito menos humilhante que um cego fosse empurrar a cadeira de rodas de um aleijado, os dois se ajudando, do que os dois sofrerem o constrangimento em meio aos que não possuem deficiência física, que é inevitável. No governo do meu ideal, deveria haver uma cidade com todo o conforto, com toda a infraestrutura para que houvesse equilíbrio e harmonia entre os deficientes. Os que são considerados fisicamente normais iriam lá sim, se quisessem, para participar, contribuir; os artistas poderiam exercer os seus dons se quisessem. Mas eles deveriam viver lá sem se submeter à humilhação e ao constrangimento que muitas vezes são obrigados a submeter a si e aos outros. Como já disse, isso seria o ideal no meu ponto de vista. Evitaria que essas crianças fossem discriminadas até mesmo pelos próprios professores, que obviamente não são responsáveis pelo honeroso carma de cada um, pois o fato de uma pessoa nascer com deficiência física está ligado à lei de DEUS, à lei do carma, é uma questão muito mais profunda do que se possa explicar em poucas palavras”.